13/02/2009

Hulk e as potencialidades do cinema autoral


Talvez seja injustiça analisar filmes cujo propósito maior não ultrapassa a sólida barreira do entretenimento fácil, mas, ao pensar que, como espectador, eu me senti lesado ao não ter a menor diversão de assistir a O Incrível Hulk, posso me dar o direito de expor meus motivos para que isso tenha ocorrido.

Bruce Banner - Edward Norton faz o que pode, mas não salva -, após a contaminação pelos raios gama, vai ao Brasil tentar encontrar a cura, mas termina sendo perseguido pelos seus opositores e embarcando num romance com a dra. Betty Ross - Liv Tyler não convence - e enfrentando um inimigo com os mesmos poderes que o gigante verde-esmeralda.

A impressão que fica quando se assiste o longa é de que as cenas de ação foram o primeiro item da pauta de reunião de roteiro e a história aparece como último item, um fiapo de idéia que interliga uma explosão a outra. As protagonistas não comportam a complexidade que a situação em que se encontram poderia gerar nas suas consciências, algo que, no desenvolver da trama, resume-se à busca de Banner pela cura, aos olhares apaixonados e lacrimosos de Ross e da vilania unidimensional dos antagonistas. A consequência dessa falta de cuidado dos roteiristas termina sendo a construção fraca de uma trama sem química ou identificação, o que termina fazendo com que o filme seja levado com a barriga pelo espectador, que talvez nem se envolva o suficiente com as sequências de ação.

Tavez a presença de um diretor que não seguisse as cartilhas do cinema de ação - mas que, com sua veia autoral, procurasse ter um olhar diferente sobre o material que lhe foi dado, como Guy Ritchie, Sam Raimi, David Fincher, JJ Abrams, Doug Liman ou Tom Tykwer - teria trazido algo diferente a um público que almeja algo mais quando vai ao cinema. Essa resposta ao filme de Ang Lee termina metendo os pés pelas mãos e não vinga nem como filme de quadrinhos nem como filme de ação.

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