03/03/2009

Tomar a sua cruz = Slumdog Millionaire





Nos tempos dramáticos que a América - e, por conseqüência o restante do mundo - tem vivido, não surpreende o fato de que um filme emocionante e otimista como Slumdog Millionaire faça esse sucesso retumbante.

Um pobre indiano resolve competir no jogo de perguntas e respostas Quem Quer Ser um Milionário? simplesmente para que sua amada o veja e resolva se encontrar com ele, mas termina sendo torturado e questionado por saber todas as respostas do jogo momentos antes de se deparar com a pergunta final. De início, é provável que o espectador já consiga imaginar o desfecho da trama, mas dificilmente não se envolverá com a jornada de seu protagonista rumo à satisfação.

Com uma edição poderosa, uma fotografia deslumbrante e um roteiro simples, porém marcante, Danny Boyle constrói um longa sólido que trata da força de amor - seja ele ÁGAPE (entre Deus - ou destino - e suas criaturas); PHILOS (entre irmãos) ou EROS (entre um homem e uma mulher) - superando tudo o que cremos ser as maiores dificuldades para a realização de um sonho. As experiências de seu protagonista o levam a conhecer cada resposta do programa, sendo realmente seu destino - ou Providência Divina - estar naquele lugar, naquele exato momento. Quando pensamos que tudo o que fazemos nesta vida é carregar fardos pesados - situações difíceis que precisamos superar -, Cristo, assim como Boyle, nos leva a entender que o peso dessas "cruzes" está dentro de nós mesmos, naquilo que nos impede de seguir em frente.

Tomar diariamente as nossas cruzes e seguir em frente está em assumir a responsabilidade de cumprir um propósito na nossa existência, seja ele qual for, ter a capacidade e a autoridade para assumir uma missão aqui nesse lugar, diante de tudo aquilo que vivemos e com quem vivemos. Mesmo que, em princípio, ele não se desse conta, a missão de Jamal talvez fosse salvar a sua amada desde o momento em que se conheceram, assim como a de seu irmão seria a de salvar a ambos, entregando sua própria vida em favor dessa causa.

Por mais que beba da fonte da cultura indiana, é facilmente perceptível o grande ensinamento cristão por esta obra tão rica em camadas e tão simples na identificação com suas personagens e situações. Uma fortaleza para momentos tão angustiantes como essa economia instável, violência gritante e desespero incessante que o mundo pós-moderno tem disponibilizado como deleite para deixarmos nossa esperança de lado.

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