16/12/2010

Tournée e o submundo do showbizz


Mathieu Amalric pode ser considerado um dos maiores atores franceses da atualidade, tendo oferecido performances marcantes em filmes como O Escafandro e a Borboleta e A Questão Humana, mas, aos poucos, vem se firmando como um diretor promissor, tendo trabalhado em curtas-metragens e filmes para TV e oferecendo mais uma empreitada para uma filmografia arrojada com Tournée.

Nesse longa, ele conta a história de um produtor famoso da televisão parisiense - Joachim -, que tinha abandonado tudo - filhos, amigos, inimigos, amores e remorsos - para recomeçar do zero na América. Ele regressa com uma companhia de strippers - chamada New Burlesque –, em que o humor dos números e as curvas das filhas entusiasmam tanto homens como mulheres. E, apesar da impessoalidade dos hotéis, das suas músicas de elevador e da falta de dinheiro, as showgirls inventam um mundo extravagante de fantasia, de calor e de festa. Com uma história simples no seu desenvolvimento, mas poderoso na concepção de suas personagens e diálogos, o diretor compõe um cenário humano ao mesmo tempo decadente na sua concepção de Arte e Criação e esperançoso na sua condição de trabalhador e ser humano ansioso pelo reconhecimento de sua dignidade.

Mesmo sabendo muito pouco sobre suas personagens, o espectador mergulha fundo em suas crenças e sentimentos, identificando-se bastante com o desenrolar da narrativa, atando-se ao fio de expectativa que as move por sua jornada dentro daquele submundo de drogados e promíscuos. Com interpretações marcantes de Amalric e seu grupo de beldades, o longa consegue se fortalecer na dinâmica de seus atores, que em seus momentos cômicos e dramáticos, proporcionam uma experiência de identificação profunda até mesmo com aqueles que nunca experimentaram o prazer que somente o descaminho extremo proporciona.

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