30/07/2011

Sem Passado e Sem Destino



Cotidiano. Rotina. Adestramento. Palavras que geralmente usamos para representar o dia-a-dia de casa, trabalho, estudo em que nos preparamos para organizar uma vida adulta saudável e desejável. Ignorar a pretensa importância de se estabelecer como um homem / mulher segundo estes preceitos torna-se, então, objetivo de todos aqueles que caminham na contravenção.

Em Sem Destino (Easy Rider, 1969, Dennis Hopper), Wyatt e Billy tornam emblemas desta contracultura ao protagoniza uma viagem pelos Estados Unidos no exercício de um estilo de vida alternativo aos ideais que tantos como eles prometeram anteriormente: uma existência fluida sobre as rodas de uma motocicleta desconectada das raízes que um dia cultivaram na família ou no trabalho. No meio de sua jornada ao encontro de si mesmos e de sua própria noção de espaço, atravessam desfiles, prisões, festas regadas a marijuana e os olhares preconceituosos e violentos dos interioranos conservadores.

Para alimentar seu discurso, Hopper emprega uma trilha sonora agressiva e pontual que conota sua personalidade intempestiva, acompanhada de uma edição que, por meio de cortes que oram usam, ora ignoram o naturalismo griffithiano, prenuncia uma atmosfera videoclíptica e propõe ao espectador novos olhares sobre aquilo que está vendo. Ou seja, Hopper não faz somente um filme sobre outro modo de vida, ele se declara como um novo modo de fazer filmes, que influenciou grandemente os artistas que o sucederam.

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